De acordo com as investigações, a incidência de fraudes aumentaram sensivelmente, abrindo uma janela de oportunidades aos criminosos
Desde o início da pandemia provocada pelo novo coronavírus, há dois anos, os preços dos combustíveis subiram quase 50% em todo o país. Com o mercado inflacionado, grupos criminosos passaram a movimentar um esquema milionário envolvendo o furto de gasolina, álcool e diesel. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apura como opera a engrenagem transgressora.
De acordo com as investigações, a escalada das fraudes aumentaram sensivelmente no DF, abrindo uma janela de oportunidades aos criminosos.
Os empresários do setor dizem que as quadrilhas furtam os combustíveis antes dos caminhões-tanque chegarem no posto de gasolina, causando prejuízos milionários.
Com a alta dos preços, muitos indivíduos acabam comprando os produtos desviados e contribuindo para o fomento dos crimes. Procurada pela coluna, a PCDF informou que têm combatido os delitos de furto e receptação e, ao mesmo tempo, conversado com alguns empresários na tentativa de dificultar a ação dos bandidos. No entanto, os infratores tentam, de todas as formas, dificultar as apurações.
Operações
Em 19 de junho de 2019, policiais civis saíram às ruas do Distrito Federal a fim de desarticular uma organização especializada no furto e na receptação de gasolina e diesel. Investigadores da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) cumpriram 12 mandados de prisão preventiva e seis de busca e apreensão.
De acordo com as apurações à época, os combustíveis eram desviados pelos próprios motoristas dos caminhões-tanque, por meio de galões, gerando lucro de R$ 30 mil para a quadrilha por mês.
Cada litro furtado saía no mercado paralelo por R$ 0,30 a menos em relação ao cobrado pelos postos.
Operação Dianomea
A operação batizada de Dianomea – distribuidora, em grego – mapeou o esquema criminoso liderado por pessoas que pertencem à mesma família. O bando atuava desviando combustível há pelo menos 10 anos no DF. Os alvos foram detidos em endereços de Samambaia, Recanto das Emas, Ceilândia e Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA).
Identificaram dois homens como os principais líderes da organização. Parentes, eles já tinham passagem na polícia por venda irregular dos produtos desviados. Agora, responderão por furto, receptação qualificada, crime contra o meio ambiente e ordem econômica. Se condenados, podem pegar pena superior a 10 anos de reclusão.
Segundo a PCDF, os motoristas dos caminhões-tanque que participavam do esquema desviavam de 20 a 50 litros de gasolina ou diesel diariamente.
A depender da temperatura do dia, a subtração não era percebida nos medidores devido à dilatação. Foi identificada uma vítima até o momento, dono de 15 postos, que contabilizou em torno de RS 50 mil de prejuízo a cada mês.
Menos 50 litros
De acordo com os investigadores, os motoristas retiravam combustível do reservatório na distribuidora. No caminho para os postos, faziam uso de galões a fim de subtrair uma pequena quantidade da gasolina ou diesel. Os veículos chegavam aos estabelecimentos, porém com cerca de 20 a 50 litros do produto a menos.
O rombo só era notado pela vítima no final de cada mês. Um dos líderes tinha, inclusive, uma espécie de posto clandestino na própria chácara localizada em Samambaia. O lugar era usado como depósito, onde foram encontrados mais de 5 mil litros da mercadoria desviada.
Os chefes da quadrilha estruturada chegavam a ganhar até R$ 900 por dia, possuindo, inclusive, caixas de água de mil litros nas residências para armazenamento dos combustíveis subtraídos. Com o lucro, o dinheiro era novamente inserido na atividade, gerando um processo cíclico de criminalidade.
Durante as investigações, os policiais identificaram que caminhões de empresas terceirizadas, que trabalham para o governo do DF, também eram abastecidos com os produtos roubados. A Polícia Civil acredita que o grupo criminoso seria o maior do Distrito Federal a praticar esse tipo de delito.
Fonte: Metrópole
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